4 de fevereiro de 2009

Cidades históricas farão Carnaval de raiz

RENATA GALDINO
REPÓRTER

Resgatar o Carnaval “de raízes” e conscientizar os foliões para a preservação do patrimônio público são as principais propostas do projeto Carnaval das Cidades Históricas, que uniu Mariana, Ouro Preto e São João del-Rei para fazer uma festa bem mineiro, competindo até mesmo com as folias dos estados da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. O anúncio dos investimentos, que totalizam R$ 1,9 milhão, e do lançamento da grife que leva o mesmo nome do projeto foi feito ontem, na Secretaria de Estado de Turismo, em Belo Horizonte, seguido de apresentações.
Participaram do evento grupos tradicionais das cidades envolvidas, como os bonecos gigantes e o grupo Bate Latas, formado por cerca de 300 crianças de São João del-Rei.
A iniciativa pioneira no Estado visa descentralizar as festas nas três cidades. “Criamos vários espaços: um só para marchinhas, outro para escolas de samba e, no estacionamento da universidade, o Carnaval Universitário para os mais jovens, os que gostam de vários ritmos. Tentamos dividir para não concentrar só na praça central da cidade”, disse o secretário de Cultura e Turismo de São João del-Rei, Ralph Justino. “Temos que mostrar o Carnaval que é nosso e vendê-lo como produto em Minas Gerais”, afirmou. O prefeito da cidade decretou a proibição de som automotivo no centro da cidade.
Ainda de acordo com o secretário, a cidade promete investir R$ 400 mil no Carnaval deste ano, o mesmo valor do ano passado. A expectativa dos organizadores é que cerca de 40 mil foliões participem das festividades. “Queremos trazer um público que goste de ir com a família. É um trabalho difícil, árduo, pois temos enfrentado problemas de excesso de público, que não é o ideal para nós, como jovens que urinam nomeio da rua e jogam latinhas de cerveja no chão. Mas não podemos esperar esse problema aumentar”, explicou.
O secretário de Cultura e Turismo de Ouro Preto, Gleiser Boroni, informou que a cidade está fazendo parcerias com a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e as repúblicas para melhor atender os foliões. “Vamos investir R$ 1 milhão, o mesmo valor de 2008, para essa e outras ações”, disse.
Já a cidade de Mariana investirá R$ 400 mil neste ano. “No ano passado colocamos R$ 700 mil, mas a crise nos fez reduzir o valor”, comentou o secretário de Cultura e Turismo da cidade, Marcílio Queiroz.
A grife Carnaval das Cidades Históricas tem o intuito de arrecadar recursos para os eventos carnavalescos dos próximos anos, com a venda de vários produtos, como camisetas.
Ao final das festas deste ano, em março, as três cidades voltam a se reunir para traçar estratégias pensando no Carnaval de 2010. Uma das expectativas é buscar a participação de outros municípios mineiros com vocação histórica, como Sabará e Diamantina.

RITMO ACELERADO EM BH

As escolas de samba de Belo Horizonte continuam em ritmo acelerado a preparação para os desfiles nos dias 22 e 23, na Via 240, no Bairro Aarão Reis, na Região Norte da capital. A Escola de Samba Chame-Chame faz o segundo desfile desde a sua criação, em 2007, exaltando Minas Gerais. O samba-enredo “He, he, Minas Gerais”, de autoria de Mestre Afonso, Fabinho do Terreiro e Randley Carioca, “vai homenagear o Estado de uma maneira diferente, como ninguém nunca viu”, conforme diz o presidente da escola, Patrício Thomé.
Para este ano, a escola prevê investimentos de R$ 60 mil, R$ 10 mil a mais que no passado, quando conquistou o vice-campeonato na disputa. A agremiação terá 300 componentes, mas o número pode aumentar. Os componentes são pessoas da comunidade onde a escola foi fundada, no Bairro Salgado Filho, na Região Oeste da capital, e de várias partes da cidade. Algumas alas são formadas por moradores dos bairros Sagrada Família e Santa Inês, na Região Leste, Vila São José, na Região Noroeste, e Barragem Santa Lúcia, na Centro-Sul. “Mas temos surpresas para este Carnaval que vão surpreender todo o público e até mesmo as outras escolas”, adiantou Patrício.
Estão previstos três carros alegóricos e 11 alas, dentre elas uma que vai destacar os grandes nomes do Estado projetados em todo o mundo. “A ala vai trazer Santos Dumont, JK, Carlos Drummond de Andrade, Pelé e Tancredo Neves”, contou o presidente. O adereço da madrinha da bateria será feito na cor de ouro, simbolizando as riquezas de Minas. Já a porta-bandeira e o mestre-sala estarão representando as cores cobre e prata, minerais presentes no solo do Estado. “As cores da bandeira de Minas, vermelho e branco, também terão destaque em algumas alas”, disse.
As fantasias são confeccionadas pelas costureiras que trabalham no galpão da Chame-Chame e distribuídas gratuitamente aos participantes. Os ensaios da escola, abertos à comunidade, estão acontecendo todos os dias, das 20 às 22 horas, no galpão sediado na Rua Lagoa da Prata, 842, no Salgado Filho. Patrício disse ainda que a bateria está indo até às comunidades para realizar os ensaios. A Chame-Chame desfila no dia 23, às 21 horas.
Outra escola que está contando os minutos para o grande dia é a Unidos Guaranis, que ficou em quinto lugar no Carnaval 2008. Fundada na Pedreira Prado Lopes, na Região Noroeste da capital, em 1964, a agremiação leva como tema para a avenida a comunidade onde está sediada. O samba-enredo para este ano é “Pedreira, o meu quilombo é aqui”, de Carlão, Cabral e Gilberto. “Seremos o porta-voz da Pedreira Prado Lopes neste Carnaval”, frisa o presidente da escola, o artista plástico Mário César de Almeida.
Os três carros alegóricos e as seis alas previstas para este desfile vão contar o surgimento e a história da Pedreira Prado Lopes, local onde, segundo Mário César, nasceu a primeira escola de samba de BH. “Vamos levar para a avenida todos os elementos que temos e queremos melhorar em nossa comunidade”, contou. As cores da escola - verde, vermelho e branco - serão o destaque da agremiação na Via 240. As fantasias, cedidas pela diretoria aos integrantes, já começaram a ser confeccionadas pelas costureiras que moram no aglomerado.
Os ensaios da bateria, que acontecem no galpão da escola, na Avenida Antônio Carlos, 1543, estão suspensos até que a verba prometida pela Belotur seja liberada.

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