4 de fevereiro de 2009

Dengue hemorrágica pode ter causado segunda morte no Vale do Aço

Da Sucursal

CORONEL FABRICIANO – Em duas semanas, a cidade de Coronel Fabriciano, na Região Metropolitana do Vale do Aço, registrou a segunda morte suspeita de ter sido causada por dengue hemorrágica. A moradora da Rua Corcovado, no Bairro Manoel Maia, a aposentada Nirelda Gonçalves Pereira, 56 anos, morreu na noite da última segunda-feira, no Hospital Siderúrgica, no mesmo município. O corpo da mulher foi velado durante todo o dia de ontem, no Cemitério Senhor do Bonfim, onde foi sepultado.
De acordo com o irmão da vítima, o aposentado Hércules Alves Pereira, 59 anos, Nirelda começou a passar mal na quarta-feira da semana passada. “Ela sentiu fortes dores de cabeça e muita febre. A levamos, no domingo à tarde, para o Hospital Siderúrgica, mas ela piorou muito rápido e infelizmente faleceu. A população deve se preocupar com a dengue, mas os governantes também devem fazer a parte deles”, disse, ainda desorientado pela morte da irmã.
Segundo o médico que atendeu Nirelda, Caio Serôdio, a paciente foi submetida a exames na segunda-feira pela manhã. “Todos os sintomas levam a crer que seja dengue hemorrágica. O nível de plaquetas no sangue estava muito baixo, apenas 60, quando o normal varia de 150 à 450. Em seguida, caiu para 30, e depois ela sofreu hemorragias. Tentamos conter, mas Nirelda também sofreu um choque hemorrágico e não podíamos fazer mais nada”, explicou Serôdio.
O médico também enfatiza que, por dia, o Hospital Siderúrgica atende cerca de 20 pessoas com suspeita de dengue clássica. “Pode-se falar que enfrentamos uma epidemia. O normal são cinco ou sete pessoas nessa época do ano.
Segundo Serôdio, outras duas pessoas estão internadas com suspeita do tipo hemorrágico da doença no hospital, sendo uma criança e um homem.
A reportagem do HOJE EM DIA conversou com o carroceiro Geraldo Henrique Ramos, 46 anos, que está internado desde o dia 30 de janeiro no Hospital Siderúrgica com suspeita de dengue hemorrágica. Ele contou que sentiu fortes dores e chegou a tossir sangue. “Parecia que uma máquina havia moído meu corpo. Tive uma piora e falaram que minhas plaquetas haviam caído para até 47. Mas agora estou muito melhor. Espero ir para casa logo. É a segunda vez que eu pego dengue e estou com medo”, disse.
Segundo o secretario municipal de Saúde de Coronel Fabriciano, Rubens Castro, a prefeitura já foi notificada e também recolheu amostras de sangue, que serão encaminhadas ainda hoje para a Secretária de Estado de Saúde (SES).
“Os profissionais de saúde estão colocando as mortes como dengue hemorrágica, mas somente o resultado dos exames realizados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, irá confirmar ou descartar a doença. No ano passado foram 11 suspeitas e nenhuma confirmada. Não descartamos a dengue hemorrágica e lamentamos as mortes. Porém, conforme nossos relatórios, como o último Levantamento de Índice Rápido de Infestação do Aedes aegypti (LiraA), de 6,9%, verificamos que 94% dos focos estão dentro das residências. A prefeitura está fazendo a parte dela”, afirmou .
No último dia 26 de janeiro, o açougueiro José dos Santos Silva, 45 anos, também faleceu no Hospital Siderúrgica, com suspeita de dengue hemorrágica. Caso que é descartado pelo Núcleo de Epidemiologia da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Coronel Fabriciano, que aponta óbito por doença bacteriana. Entretanto, os resultados sorológicos, que são realizados pela Funed, ainda são aguardados.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde, o caso de Nirelda ainda não foi notificado. Já os exames de José dos Santos, na Funed, ainda não foram concluídos e devem ser divulgados dentro de 15 a 20 dias. No entanto, segundo o secretário Rubens Castro, a SES enviou um comunicado, na semana passada, para a Prefeitura de Coronel Fabriciano, no qual descartou dengue hemorrágica no caso do açougueiro falecido na semana passada.
Além de Coronel Fabriciano, outros sete municípios mineiros estão em alerta para o risco de epidemia de dengue. Estes municípios tiveram o LiraA acima de 3,9%, considerado crítico para a doença. São: Belo Horizonte e Vespasiano, na Região Metropolitana da capital, Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, Montes Claros, no Norte de Minas, Sete Lagoas, na Região Central do Estado, e Ipatinga e Timóteo, também na Região Metropolitana do Vale do Aço.
Nestes municípios, as prefeituras anunciaram, na semana passada, uma série de medidas, como mutirões de limpeza em imóveis vagos e residenciais, assim como a realização de campanhas de conscientização de suas populações. Na capital, mutirões realizados nas primeiras semanas de janeiro recolheram 80 toneladas de lixo e entulho.

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